Equador

Quando naquela manhã chuvosa de Dezembro de 1905, Luís Bernardo é chamado por El-Rei D. Carlos a Vila Viçosa, não imaginava o que o futuro lhe reservava. Não sabia que teria de trocar a sua vida despreocupada na sociedade cosmopolita de Lisboa por uma missão tão patriótica quanto arriscada na distante ilha de S. Tomé. Não esperava que o cargo de governador e a defesa da dignidade dos trabalhadores das roças o lançassem numa rede de conflitos e interesses com a metrópole. E não contava que a descoberta do amor lhe viesse mudar a vida.

Equador é um retrato brilhante da sociedade portuguesa nos últimos dias da Monarquia, que traça um paralelo entre os serões mundanos da capital e o ambiente duro e retrógrado das colónias.

É com esta história admirável, comovente e perturbadora, que Miguel Sousa Tavares inaugura a sua incursão no romance.


ISBN: 9789895550135 – Oficina do Livro / 2003

Estamos em 1905. El-Rei D. Carlos chama Luís Bernardo Valença à sua presença. O Rei quer que Luís Bernardo se torne o Governador da colónia portuguesa São Tomé e Príncipe. Esta nomeação implica que Luís deixe a sua vida de Lisboa e por isso mesmo, antes de aceitar esta tarefa do Rei, Luís aproveita os seus últimos tempos na cidade, onde acaba por se apaixonar por uma mulher casada, Matilde. 
No entanto, este romance não tem pernas para andar e Luís acaba por seguir em frente na sua vida, aceitando enfim a proposta de D.Carlos, para se tornar o Governador da Colónia. 
Luís tem um trabalho para fazer, que aparentemente é bastante fácil. 
A escravatura era algo habitual na altura, mas o cônsul inglês quer-se certificar-se que Portugal não tem escravos alguns nas suas terras e colónias. E portanto, Luís está encarregado de aferir se na colónia alberga ou não escravos e mais importante, se é praticada escravatura. 
Durante 3 anos, Luís irá viver e conhecer outro tipo de cultura e outro tipo de vida, muito diferente daquele que estava habituado em Lisboa. Os desafios apresentam-se à sua frente em grandes números, pois Luís é um estrangeiro e o povo de São Tomé e Príncipe tem a sua própria estrutura interna. Contudo, conforme o tempo vai passando, Luís acaba por vencer os desafios e os problemas que lhe aparecem à frente e no meio disto tudo, das suas responsabilidades e obrigações, a sua vida amorosa não é negligenciada de nenhuma forma. Um retrato social e cultural, mas sobretudo, uma história de amor complexa.

Já há algum tempo que queria ler esta obra da autoria de Miguel Sousa Tavares. Quando o livro foi lançado, muito se falou (bem e mal), mas o certo é que muita tinta correu sobre a obra. Estava muito entusiasmada com a possibilidade de ler o livro, mas entretanto conforme os anos foram passando, acabei por nunca mais pegar no livro. Este ano, finalmente peguei nele, como forma de promover a leitura de autora portugueses e obra literárias portuguesas. E o Equador é uma das obras literárias portuguesas dos tempos modernos que mais se fala por aí. Por isso mesmo, achei que devia pelo menos experimentar ler e saber se a obra merecia ou não os elogios. E os defeitos. 
Equador à primeira vista parece um romance histórico até bastante simples, mas o autor surpreendeu-me com a profundidade da pesquisa que foi feita, como demonstra a bibliografia de consulta no final do livro. De facto, acabei com esta leitura, por aumentar o meu conhecimento sobre a História de Portugal e sobre o passado cultural daquelas que foram até à Revolução de Abril, as nossas colónias. 
Foi, para mim, o ponto forte em todo o livro. O contexto histórico está obviamente bem explorado e o autor teve um cuidado extremo não só a organizar os factos históricos no enredo, mas também, da forma como os apresentou. 

A escrita do autor até se revelou bastante agradável no geral, mas tenho que admitir que me cansou muito os capítulos extensos e certas passagens do livro pouco dinâmicas, que se tornam até certo ponto aborrecidas. 
O grande senão nisto tudo é que não gostei do protagonista. Não consegui ligar-me a ele e a maior parte das vezes ele irritou-me sobremaneira, ao ponto de revirar os olhos. Curiosamente, quando fiz a minha descrição do Luís, era o autor que me vinha à cabeça. Curioso, hein?
Pois é, para mim é muito importante criar uma ligação com os personagens e não consegui fazer isto com esta obra, o que acabou por me prejudicar muito a leitura. A personalidade de Luís e o número de romances que se presencia no livro e a ênfase que o autor dá a esse mesmo elemento, foi demais para mim, de maneira que acabei por chegar ao fim, irritada com o livro. E não, não é aquele tipo de irritar que nos faz gostar do livro, é exactamente o contrário.

Com tudo isto, tenho que dizer que apesar de ter gostado do livro e de ter aprendido algumas coisas sobre a História da nossa nação e o nosso passado cultural, não acho que esta seja, de todo, uma das melhores obras portuguesas da actualidade. Muito pelo contrário. É um livro agradável de onde se pode retirar algum conhecimento, mas em termos de entretenimento é uma chatice mal engendrada. E com 500 páginas, mais coisa menos coisa, isso é dizer muito. 
Posso dizer que não fiquei com grande vontade de ler a obra O Rio das Flores, mas quero ler para poder saber do que gosto ou não.

Mas para quem gosta de aprender mais sobre a nossa história, porque não ler este livro? É uma viagem ao passado bastante precisa. Ora, experimentem!


       

8 thoughts on “Equador

  1. Já ouvi muita coisa diferente deste livro. Aliás, penso que há uns anos a minha mãe também o leu e não gostou. A parte histórica é importante, mas eu quando não tenho uma conexão com o protagonista, o livro para mim está estragado! Apesar de tudo nunca tive curiosidade para ler alguma coisa deste autor…agora ainda fiquei com menos :p
    Mas gostei muito da tua opinião! 🙂

  2. Pois, este livro tem que ser com vontade, na minha opinião, senão não vale a pena ler… 🙂
    Eu agora fiquei um pouco abalada também, mas ainda vou pensar se leio o outro calhamaço ou não! 😛

  3. Pois estou 😛 Ando sempre soterrada em livros. Mas não os estou a ler todos ao mesmo tempo 🙂
    Estou a gostar muito de Tess Gerritsen. Hoje acabei um dela… vou colocar aqui no blogue a minha opinião brevemente! 😀
    Estou a ler a série por ordem….

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